quinta-feira, 20 de maio de 2010

Niels Lyhne

"...Ela, porém, cansou-se de suspirar. A irritante inutilidade de suas lamentações levou-a ao ceticismo e à amargura; assim como certos devotos calcam aos pés a imagem de um santo quando ele não demonstra o seu poder, assim também ela escarneceu da poesia idolatrada, e perguntou-se ironicamente se, de fato, não acreditara que o pássaro dourado em breve surgiria no canteiro de pepinos ou que a caverna de Aladim estava para se abrir sob o assoalho da leiteria. Num acesso de cinismo infantil, divertiu-se em forçar a nota prosaica da existência, comparar a lua a um queijo fresco e as rosas a potes de pomada, em tudo isso experimentando a satisfação da vingança e, ao mesmo tempo, a sensação meio inquietante e meio excitante da blasfêmia."

Um comentário: