segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A penteadeira...


Hoje fico aqui (a vida que rola lá fora pode me distrair)

preciso chorar a penteadeira, a geladeira e ela

Quero o caos o vazio e a saudade 

tragam-me batons e perfumes

quem sabe assim

a vida se esvazia em mim


domingo, 5 de maio de 2013

Passageiro


Naquela manhã eu não tinha nada além do imenso  vazio
O lado bom da vida ficara em sala escura
Nos corredores de paredes frias a  realidade batia seus pulsos cerrados

Lágrimas  me escorriam bem devagar
Vinham sem alegoria era uma sangria sem sangrar

Na mente (demente) sonhos renitentes....pesadelos recorrentes
Nas mãos um abismo a me olhar

Mas eu sabia ( sempre soube)  que  à noite (toda noite)
haveria outra  lua gigante pra me consolar


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Subterfúgio

Eu não vejo estrelas cadentes, eu as sonho

Quando a realidade fica por demais doída

fecho meus  olhos de criança

e trago de volta a alegria banida



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Engano


Quando pensei que mais nada havia

eis que me invade a música de um dia

A melodia viva a arrastar consigo

O tempo a memória e o sentido



domingo, 23 de dezembro de 2012

Desejante de olhos fechados

Sou um ser desejante
e sofro meus desejos constantes

Humana que sou
sonho o que não sou

Trago os olhos fechados
Careço da falta
Esqueço do instante



terça-feira, 18 de dezembro de 2012

NÓDOAS NODOANTE




O anel era belo de longe
De perto, não.

Deixava no dedo que o vestia marcas do material pobre do qual fora feito
Não era nobre, mas eu gostara tanto...

A pobreza de longe é tocante
De perto é feia

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pecado venial grave mortal


E assim mais ou menos assim a vida seguia sem guia, se ia.
...Corações ao alto... O nosso coração está em Deus...;
Não O adore na Cruz!;
Peça ao Menino Jesus...;
Jogue a imagem;
Olhe a mensagem;
Peça a benção;
Honra teu pai e tua mãe...

Pecado: O pecado entrou no mundo pela ação do homem primevo que desejou ir além dos limites impostos por Deus e assim apartou-se da graça, da paz e da justiça divinas...

Dez anos sem cigarros. Dez anos sem minha mãe. Cigarros fm-se! Agora, ela... Ela era 'F".
Ouço meus discursos em trajetória reta que ela não mais ouvia. Médicos que ela não queria. Tudo por conta da minha tresloucada razão, intransigente percepção e do olho cego de um pífio alter ego.

Mas ela nunca me facilitou a empreitada, meu objetivo, minha missão. Tímida, eu me aproximava enquanto ela pouco se lhe dava. Eu sem graça, sem jeito, aos pés da cama me sentava e, de costas pra ela, descobria um baton novo que na penteadeira dançava. Hoje sei que eram armadilhas (armadilhas da Avon).

Eu olhava a cor, experimentava, conferia no espelho o resultado. Isso tudo seguido de silêncio até que ela dizia:

_ Pode pegar pra você
_ Posso mesmo?
_ Pode, depois eu compro outro da minha amiga que vem sempre aqui em casa. Quer mais alguma coisa? Pode pegar...

E era assim, o nosso abraço a nossa maior expressão de amor.

Este ritual flutua em meus silêncios e em dias incertos me ancora, me aquece.