terça-feira, 17 de maio de 2011

Músculos e Grifes

Vivo um tempo em que sapos são sapos e gatas borralheiras são borralheiras.

Valores morais conciliando-se com finais felizes são os elementos cada vez mais frágeis e raros nos contos de fadas contemporâneos. (bem mais real isso...?)

Por falar nisso,temos quantos escritores criando contos de fadas? (Penso que perdi mais este bonde).

Os humanos transitam sedentos de beleza física. As suas fêmeas libertas enchem os olhos até a alma ao depararem com músculos e grifes - não podemos nos esquecer das grifes - Uma boa grife é o principal adorno para saciar os mais aparentes desejos da nossa raça.

Há bem pouco tempo víamos as bandeiras do conhecimento lá no alto, exultantes, fazendo par com a ética. Hoje, estão a meio pau, tal e qual um senil lutando para ficar em riste.

sábado, 14 de maio de 2011

Reverso

o príncipe veio lindo

mas titubeava

e antes que houvesse o beijo

cuidou de voltar a sapo

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Hoje...

escrevo, não ligo

me entrego, não sigo

invento, não digo

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Infinito particular - Marisa Monte

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das Mães

(A minha não mais existe)

Eu ainda insisto

Talvez "ser mãe" seja isto!

Algo sem medida

Qualquer coisa de briga (contra os fatos as provas e o mundo)

Guerreira que se cansa

mas entra na dança

se a razão for a vida da cria

de quem cria

da comida bebida sorvida

Por isso, quando se vai, nos leva o chão que pisamos

(sentimos medo)

Mas encontramos no vão dos dias

um legado de sonhos que enfeitam a nossa história

e assim nós seguimos como se tivéssemos acabado de acordar

e o mundo nos vem num num abraço e sorri

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Meninas inexatas

As meninas que cantavam hinos ao SENHOR me fizeram esquecer o desconforto de um pé torcido e um calcanhar ferido.

Num repente, o meu sangue e a minha carne perderam a razão.

Aquelas meninas traziam nos olhos a anestesia para a minha dor e, enquanto dançavam equilibrando-se sobre sapatos maiores que os seus pés, desafiavam os meus abismos.

Elas sabiam que qualquer descuido sobre a corda bamba as levariam para o fundo obscuro de si mesmas.

Elas sabiam, eu não.