sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pecado venial grave mortal


E assim mais ou menos assim a vida seguia sem guia, se ia.
...Corações ao alto... O nosso coração está em Deus...;
Não O adore na Cruz!;
Peça ao Menino Jesus...;
Jogue a imagem;
Olhe a mensagem;
Peça a benção;
Honra teu pai e tua mãe...

Pecado: O pecado entrou no mundo pela ação do homem primevo que desejou ir além dos limites impostos por Deus e assim apartou-se da graça, da paz e da justiça divinas...

Dez anos sem cigarros. Dez anos sem minha mãe. Cigarros fm-se! Agora, ela... Ela era 'F".
Ouço meus discursos em trajetória reta que ela não mais ouvia. Médicos que ela não queria. Tudo por conta da minha tresloucada razão, intransigente percepção e do olho cego de um pífio alter ego.

Mas ela nunca me facilitou a empreitada, meu objetivo, minha missão. Tímida, eu me aproximava enquanto ela pouco se lhe dava. Eu sem graça, sem jeito, aos pés da cama me sentava e, de costas pra ela, descobria um baton novo que na penteadeira dançava. Hoje sei que eram armadilhas (armadilhas da Avon).

Eu olhava a cor, experimentava, conferia no espelho o resultado. Isso tudo seguido de silêncio até que ela dizia:

_ Pode pegar pra você
_ Posso mesmo?
_ Pode, depois eu compro outro da minha amiga que vem sempre aqui em casa. Quer mais alguma coisa? Pode pegar...

E era assim, o nosso abraço a nossa maior expressão de amor.

Este ritual flutua em meus silêncios e em dias incertos me ancora, me aquece.