domingo, 23 de dezembro de 2012

Desejante de olhos fechados

Sou um ser desejante
e sofro meus desejos constantes

Humana que sou
sonho o que não sou

Trago os olhos fechados
Careço da falta
Esqueço do instante



terça-feira, 18 de dezembro de 2012

NÓDOAS NODOANTE




O anel era belo de longe
De perto, não.

Deixava no dedo que o vestia marcas do material pobre do qual fora feito
Não era nobre, mas eu gostara tanto...

A pobreza de longe é tocante
De perto é feia

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pecado venial grave mortal


E assim mais ou menos assim a vida seguia sem guia, se ia.
...Corações ao alto... O nosso coração está em Deus...;
Não O adore na Cruz!;
Peça ao Menino Jesus...;
Jogue a imagem;
Olhe a mensagem;
Peça a benção;
Honra teu pai e tua mãe...

Pecado: O pecado entrou no mundo pela ação do homem primevo que desejou ir além dos limites impostos por Deus e assim apartou-se da graça, da paz e da justiça divinas...

Dez anos sem cigarros. Dez anos sem minha mãe. Cigarros fm-se! Agora, ela... Ela era 'F".
Ouço meus discursos em trajetória reta que ela não mais ouvia. Médicos que ela não queria. Tudo por conta da minha tresloucada razão, intransigente percepção e do olho cego de um pífio alter ego.

Mas ela nunca me facilitou a empreitada, meu objetivo, minha missão. Tímida, eu me aproximava enquanto ela pouco se lhe dava. Eu sem graça, sem jeito, aos pés da cama me sentava e, de costas pra ela, descobria um baton novo que na penteadeira dançava. Hoje sei que eram armadilhas (armadilhas da Avon).

Eu olhava a cor, experimentava, conferia no espelho o resultado. Isso tudo seguido de silêncio até que ela dizia:

_ Pode pegar pra você
_ Posso mesmo?
_ Pode, depois eu compro outro da minha amiga que vem sempre aqui em casa. Quer mais alguma coisa? Pode pegar...

E era assim, o nosso abraço a nossa maior expressão de amor.

Este ritual flutua em meus silêncios e em dias incertos me ancora, me aquece.





sábado, 4 de agosto de 2012

Meu lugar

É aqui, onde me permito todas as tolices, o lar dos sentimentos que me visitam

É aqui,  em linhas que eu mesma traço e risco, que eu corro para o meu infinito

É aqui, bem aqui, o lugar onde eu mais me arrisco

terça-feira, 24 de julho de 2012

A vida a cântaros


Mudar Mudança Mudando O caos se instaurando O cheiro não é o de casa A máquina de lavar não lava O cão que não fica sozinho A escada que é do vizinho O móvel que é de canto no cômodo que é de lado Faltam lâmpadas faltam tantas O teto é alto O chuveiro não esquenta A internet não chega

Um mar de linhas lados e paredes

O móvel que te olha do canto de canto de soslaio de esguelha A mesa que não cabe na cozinha As aproximações da vizinha Um sentimento que cega A TV que não pega O pedaço de bolo esquecido no prato A frase que explode louca : eu mato!!

Um cansaço físico que te força que te obriga que te deita
Uma noite que te cobre velha e negra
Um dia que te descobre nua e leiga.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

...

Tudo pode ser tão simples. Por que não é?

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Alforria



Se minhas palavras encontram morada
meus olhos choram

sábado, 9 de junho de 2012

salvação

difíceis mesmo são as possibilidades
o movimento
o passo

a vida é um abismo só de ida
sem eva sem adão sem redenção
o que salva é a partida




Mudança

Alojar sobre rodas um mundo de coisas e sentimentos
Mostrar ao que tá dentro o vento rápido que passa por uma janela
Fazer tudo rodar por dentro e por fora
Até chegar lá onde tudo deve se assentar

Seria a última viagem? O maior dos medos? Ou apenas mais um erro?



  

parte de Retrato


"... Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?"

(Cecília Meireles)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Contarias

Presto contas?
Peço as contas?
Pago as contas?
Perco as contas?

Pergunto o que contas?
O que fazer, afinal de contas?
Ah! Melhor não fazer contas

(vou é sair por aí usando um colar de contas)

domingo, 27 de maio de 2012

tempos

o mundo de fora é inclemente o de dentro é turbilhão

cá fora ruído lá dentro confusão

sábado, 12 de maio de 2012

Olívia


Você chegou feito anjo, feito rosa...

Como é bom olhar pra você!




terça-feira, 10 de abril de 2012

Era uma vez...

Uma casa branca um sobrado verde uma velha cinco criancas
Mais incerteza
Muita esperanca


segunda-feira, 26 de março de 2012

Você Chegou!!!

Minha respiração tropeça em minhas narinas

Meu coração arfa zonzo dentro do peito

Tudo em mim bate em outro lugar

Itan, meu amor, bem vindo à vida!!!!



sábado, 24 de março de 2012

Talvez

Talvez eu corra
Talvez eu morra
Talvez socorra

Talvez só corra

sexta-feira, 9 de março de 2012

Perdida

Talvez eu escreva
Talvez eu escreva
Talvez eu escreva
Talvez eu escreva

segunda-feira, 5 de março de 2012

anunciação

Sem palavra palavrinha palavrão
Cotovia muda Ninho posto ao chão
Sem sílaba sem fonema sem cifrão
Sigo bicho Morro solidão

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Farfalhar

A me olhar da estante meus livros aguardam com uma calma incrível o instante em que cairão em minhas mãos. Enquanto isso, no meio da cidade, visito outro sebo e saio com Ulisses, o meu Ulisses!

Poderei agora ouvir o farfalhar de seus pedaços e me enredar sem redes e sem pressa no mar de palavras soltas que estão a minha espera para fazer inúmeras conexões.

Vou mergulhar em suas paragens e riscar de carinho todas as suas linhas.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Então...

Tem dia que eu ligo tem dia que eu não ligo tem noite que eu não durmo

Round

Na antessala de alguns dias (daqueles que vêm à revelia) espero a noite que se anuncia
O veludo do silêncio escuro amortece a luta... anestesia