Com direito a bolo, 92 velinhas, todos os amigos presentes e o pedido de um discurso, iniciaram a comemoração do seu aniversário.
Ela trazia o semblante elegante, a aparência calma. Com a voz quase firme, pediu silêncio, já não tinha mais a mesma potência vocal. Com o apoio de um microfone, iniciou o discurso...
Meus amigos, passei a vida querendo pegar a felicidade, nem que fosse pelo rabo, sem perceber que a corrida seria inglória. Cansei de me cansar e a danada, irônica que é, me permitiu apenas tocá-la, vez ou outra. Hoje, numa quietude forçada, percebo que ela gosta mesmo é de desprezo, não quer ser afagada por ninguém. Portanto, aquietem-se e ela vem.
Um dos filhos, único familiar presente, já que o asilo ficava distante numa cidade de difícil acesso, diz emocionado: é invejável a sua lucidez!
Ao que ela, sem movimentar a cabeça pra qualquer direção, responde:
Lucidez? Não, aqui não vivem lúcidos, aqui...
Sem terminar a frase, com ares de quem estava longe, distante, transformando aqueles segundos em horas e com um peso maior que o mundo, silenciara.
Passados aqueles instantes desconfortáveis, como se voltasse da própria vida, olhou demoradamente para os presentes e cortou o primeiro pedaço de bolo que, sorrindo, ofereceu para a sua gatinha que esperava acomodada no seu colo.
Décimo Primeiro Capítulo
Há 13 anos
E ele parava, pensava e todos esperavam silenciosos a volta do seu devaneio...
ResponderExcluirPor onde será que ele viajava????
Saudades!!!
E quando tocava a gaitinha, tirava da boca,batia na coxa,olhava do lado, com olhos rasos dágua...?
a gatina , tem o nome de lezinha
ResponderExcluirAi que lindo....sinto mudanças na sua obra...isso é sinal de mudanças internas, não? Com certeza sinto algo mais leve, Am I right? Congratulations single lady:) hahahaha
ResponderExcluirNeli, em breve você será ás na prosa. Congrats!
ResponderExcluirSimplesmente emocionante...
ResponderExcluirParabéns.